A Voz do Usuário
Por uma arquitetura livre
Imagino uma obra arquitetônica como a união perfeita entre duas vertentes básicas: uma é a concepção, a criação da obra que, por si só, pode ser admirada tanto pelas suas formas plásticas como pelas sensações que causa no homem ao penetrá-la, percorrê-la; a outra é a concretização, de fato, das idéias do arquiteto por meio da construção civil.
Contudo, é do nosso conhecimento que ter uma solução arquitetônica realmente posta em prática não é algo assim tão simples, principalmente para os ainda estudantes de arquitetura. Isso se deve, principalmente, ao desconhecimento da boa arquitetura por parte do grande público e pelo custo que envolve sua construção.
Fala-se muito num meio pelo qual a arquitetura poderia ser difundida como acontece com as demais obras de arte. A fotografia e a projeção em vídeo leva as grandes obras de pintura e escultura para os quatro cantos do mundo sem que se tenha uma perda muito grande do seu conteúdo; o cinema, a música e a fotografia como obra de arte são difundidas no mundo inteiro com perda zero. Na arquitetura, isto torna-se um pouco mais complicado. Não existe um veículo que leve a arquitetura, exatamente como ela é, para o grande público, o que gera um afastamento muito grande, quase que uma barreira, entre os não-arquitetos e a arquitetura. Ora, nem só pintores falam sobre pintura, não são apenas os poetas que falam sobre poesia, tão pouco música é assunto só de músicos, mas a arquitetura, por esses motivos, fica sempre no esquecimento das pessoas, tornando-se tema de discurso exclusivo de arquitetos.
Recife passou por uma reviravolta cultural gigantesca nos últimos anos e a arquitetura foi a única forma de manifestação artística que se manteve ausente. Penso que mudaremos isso quando integrarmos a arquitetura, mesmo que tardiamente, à movimentação cultural da cidade, nas apresentações de música, nas festas e nas boates, usaremos maquetes, desenhos, esboços, vídeos, fotografias, o que não podemos é esperar que se invente um veículo que transmita a arquitetura perfeitamente para todos, mas faremos o melhor para que se tenha a idéia mais próxima possível da verdadeira obra arquitetônica. É certo que a obra será entendida muito mais pelas suas formas plásticas do que pelo espaço. Contudo, penso não ser de todo mal abrir isso para a imaginação do observador leigo, ou até colocar um pouco na cabeça das pessoas a arquitetura entendida por seus espaços através de um conceito simples de escala humana.
Como estudantes e/ou profissionais, devemos fazer o que for possível para que essa integração seja possível; a idéia é nova e temos que tocá-la para a frente, esperando contar com a ajuda de todos.Fábio Pimenta Co-fundador do SARAU